sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Discurso de Ódio nas Redes Sociais

O Ódio que segrega

Redação escrita em 2.019.

Com o advento da Internet, pessoas do mundo inteiro e de todas as faixas etárias, gêneros, etnias e religiões diferentes passaram a estar conectados e a interagir, como se fossem uma “aldeia global”. Marshall McLuhan cunhou, em uma de suas obras, no século XX, o termo “aldeia global”, que significa que o mundo encolheu com o avanço das telecomunicações e das tecnologias, permitindo que as distâncias encurtassem. A “Internet” ainda era um projeto ideal quando McLuhan estudou a Comunicação, porque, naquela época (anos 1960), seu uso era restrito ao Exército, tendo em vista o conflito ideológico da Guerra Fria, que envolveu as potências capitalistas e socialistas.

De certa maneira, a Guerra Fria teve seu fim em 1991, com a dissolução da União Soviética, e a Internet tomou outros rumos, passando a integrar nossa sociedade. De acordo com o depoimento do pesquisador e jornalista inglês James Bartlett para o periódico Exame, a harmonia da Internet com a “aldeia global” de McLuhan “transformaria o nosso ambiente em mais informado, politizado e racional”. A rede social foi uma consequência do advento virtual e milhares de pessoas aderiram à “tendência”, mas a desordem e o caos reinam nesses lugares, onde a opinião é, muitas vezes, anônima.

A partir disso, os usuários que se sentem isentos de leis e normas referentes à Internet, iniciam um processo de “assédio” nas redes sociais, provocado pela disseminação de notícias falsas. Essas “notícias”, como alerta Bartlett, “apresentam conteúdos apelativos e sensacionalistas (...)”, e desvirtuam a ética e a boa conduta em ambientes que deveriam ser, por natureza, civilizados. Portanto, mesmo vivendo em uma “aldeia global”, com distâncias encurtadas, a humanidade distancia-se pela divergência de opiniões e cria bolhas de pensamentos semelhantes, ignorando o livre-arbítrio.


©2.018. Matheus Addor.

terça-feira, 23 de novembro de 2021

[Música] Que que tem na sopa do Enem (feat. Eminem)

Sinônimos Anônimos

-

Que que tem na sopa do Enem?

Será que tem Português?

Será que tem Biologia?

Será que tem Redação?

-

Que que tem na sopa do Enem?

Será que tem Física pura?

Será que tem Química orgânica?

Será que tem Sintaxe?

-

Que que tem na sopa do Enem?

Será que têm atrasados?

Será que tem sanduíche?

Será que tem caneta azul?

-

Que que tem na sopa do Enem?

Será que tem macarrão?

Será que tem avião?

Será que tem corrupção?

-

Que que tem na sopa do Enem?

Será que tem Matemática?

Será que tem lógica?

Será que tem raciocínio?

-

Que que tem na sopa do Enem?

Será que tem satisfação?

Será que tem decepção?

-

O que será que tem na sopa do Enem, afinal?


©2017. Referência a canção "Que Que Tem Na Sopa Do Neném" (Palavra Cantada, 1.996)

Eminem neném fazendo o Enem.

Eminem Neném não está fazendo o Enem.

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Mensagem para um Dia Melhor – Rádio Nativa – 15/05/15

Muito tempo atrás, um casal de idosos, que não tinha filho, morava em uma casinha humilde de madeira. Tinham uma vida tranqüila, simples, alegre e ambos se amavam muito. Era um amor tão bonito se ver, sabe? Eram tão felizes...

Até que um dia, aconteceu um acidente com aquela Senhora. Ela estava trabalhando em sua casa, quando começou a pegar fogo na cozinha, e a casa era de madeira, fazendo o incêndio se espalhar rapidamente... Foi uma correria. E o pior: as chamas atingiram seu corpo. O esposo, que estava dormindo, acordou assustado com os gritos, e foi à procura de sua mulher, quando ele a vê queimando. Imediatamente, tenta ajudá-la. Mas o fogo também atinge seus braços e, mesmo em chamas, ele consegue apagar aquele fogo todo.

Quando chegaram os bombeiros, já não havia muito da casa. Apenas uma parte. Estava toda destruída aquela casinha tão simples e tão bonitinha de madeira. Levaram rapidamente o casal para o hospital mais próximo, onde foram internados em estado gravíssimo.

Após algum tempo, aquele Senhor, menos atingido pelo fogo, saiu da UTI. E foi ao encontro de sua Amada. Ainda nos seu leito, toda queimada, aquela Senhora pensava em não viver mais. Estava toda deformada, queimou todo o rosto. Chegando ao quarto da Senhora, ela foi logo falando:

“Tudo bem com você, meu Amor?”

“Sim” Respondeu o Senhor. “Pena que o fogo atingiu meus olhos, eu não posso mais enxergar. Mas fique tranqüila, minha querida, sua beleza está gravada no meu coração e na minha memória para sempre!”

Então, triste pelo esposo, a Senhora pensou consigo mesma:

“Olha como Deus é bom! Vendo tudo o que aconteceu a meu marido, tirou-lhe a visão para que não presenciasse essa deformação em meu rosto! As chamas queimaram todo meu rosto e estou parecendo um monstro. Obrigado, Senhor!”

Passado algum tempo, recuperados, voltaram para uma nova casa, onde a Senhora fazia tudo para seu querido amado Esposo. E ele, agradecido por tanto amor, afeto e carinho, todos os dias lhe dizia:

“Como eu te amo, sabe? Você é linda demais! Saiba que você será sempre a Mulher da minha vida!”

E assim viveram por mais vinte anos. Até que aquela Senhora, já velhinha, veio a falecer. No dia do seu enterro, quando todos se despediam da bondosa senhora, veio aquele Marido, com os olhos em lágrimas, sem seus óculos escuros e com a bengala nas mãos. Chegou perto do caixão, beijou o rosto acariciando sua Amada, e disse em tom apaixonado:

“Como você é linda, meu amor! Eu te amo tanto!”

Ouvindo e vendo aquela cena, um amigo, que estava ao seu lado, perguntou:

“O que aconteceu? Você está enxergando? O senhor... É um milagre isso? Parece que o senhor está vendo!”

Aí o velhinho, olhando nos olhos do amigo, apenas falou, com as lágrimas escorrendo em seu rosto:

“Vou te contar uma coisa. É um segredo, mas não fala para ninguém. EU NUNCA ESTIVE CEGO! Eu fingi esse tempo todo! Porque, naquele dia em que eu vi minha amada esposa toda queimada e deformada, sabia que seria duro para ela continuar vivendo daquela maneira. E quer saber? Foram vinte anos vivendo felizes. Muito felizes e apaixonados! Foram os vinte anos mais felizes de toda a minha Vida!



©2015. Rádio Nativa, São Paulo.

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Lições de Gulliver em Brobediguenague

Os trechos a seguir são uma crítica de Jonathan Swift, apresentada no livro "As Aventuras de Gulliver"(1725), sobre a Hipocrisia na Sociedade Humana. O Cenário é a parte em que Gulliver está acomodado em Brobediguenage.

Gulliver foi acolhido por um Fazendeiro Gigante que o levou ao Castelo Real para entreter o Rei de Brobediguenague, e lá, conversou com ele sobre o modo de vida na terra de Gulliver.

A conversa (assim como o livro) são pautados na ironia, no humor, no sarcasmo e no escárnio, principalmente da classe política da época. Meses antes de chegar a Brobediguenague, Gulliver havia "aportado" em Lilipute, onde as pessoas eram irritadas e tinham tamanhos minúsculos.



SWIFT, Jonathan. Viagens de Gulliver. Trad. Fernando Nuno.

"Gulliver conversando com o Rei de Brobediguenague", As Viagens de Gulliver. George Routledge e filhos, ca. 1900


"Às sextas-feiras, o rei vinha almoçar conosco, aproveitando para fazer perguntas sobre a minha terra."

"Falei das nossas guerras no mar e em terra, do comércio entre as nações, dos títulos de nobreza e do luxo dos ricos. O rei comentou sobre a pequenez da grandez humana, já que podia ser arremedada por insetos insignificantes como as pessoas de quem eu estava falando, e admirou-se de que criaturas tão desprezíveis e minúsculas como nós se metessem a fazer guerras e outras barbaridades. A princípio me senti ofendido, mas logo percebi como ele tinha razão. Eu já estava tão acostumado à grandeza que via naquele país que, se voltasse a encontrar um grupo de damas e lordes ingleses, ou de outras pessoas que se acham importantes, todos engalanados e cheios de pompa, certamente zombaria deles como eles próprios costumam zombar dos outros." (SWIFT, pp. 36-7)


"O rei gostava de me fazer perguntas sobre o modo de vida e o governo de meu país. Comecei falando sobre a integridade dos governantes da Europa e das Américas, de como eram honestos os parlamentares e de como lutavam sempre com despreendimento e altruísmo pelos interesses do povo. Falei também sobre nossos juízes, verdadeiros sábios intérpretes da lei, e sobre os especialistas que administravam a economia e as finanças de nosso país com uma competência tão grande e tão rara. Dessa forma, durante cinco audiências, pude provar a Sua Majestade como, apesar de sermos pequenos no tamanho, não ficávamos nada a dever a pessoas tão grandes como as de Brobediguenague."

"Em nosso sexto encontro para tratar desses assuntos, tendo ouvido com atenção meus orgulhosos discursos, o rei começou a apresentar questões como estas:"

"O que fazemos para impedir a corrupção e o suborno? Os deputados conhecem realmente as leis que aprovam? As pessoas comuns não se arruinam quando têm de lidar com a justiça ao pagar advogados e custas judiciais? Quanto tempo demora o julgamento de uma causa, ou seja, uma pessoa injustiçada tem de continuar a ser prejudicada por muito tempo?"

"E assim prosseguia, numa quantidade interminável de perguntas."

"O rei quis saber também se nossos administradores realmente nunca se enganavam em suas contas, causando prejuízos e miséria ao povo; quando isso acontecia, eles continuavam a receber seus altos salários? E sobre as religiões: se todas pregavam o amor, por que tinham tanto ódio umas pelas outras?"

"Para responder melhor, contei a história de nossos povos durante os últimos séculos, dando muitos exemplos das soluções que nossos líderes, em sua imensa sabedoria, criaram para os conflitos, evitando guerras. Por fim, elogiei tudo o que podia encontrar de positivo em nossa civilização. Depois de minha exposição, ele concluiu:"

"- Meu pequeno Grildrigue [anãozinho], você apresentou um belo relato de seu povo: ficou provado que a ignorância e a preguiça são qualidades comuns em qualquer bom administrador e que as leis são mais bem compreendidas justamente por aqueles que pretendem desrespeitá-las. Noto que as intenções são boas, mas que na hora de colocá-las em prática a situação muda. Por tudo o que você contou, vi que as pessoas não costumam ser promovidas devido ao seu valor ou dedicação, mas por outros fatores que nada têm a ver com isso."


"Devo dizer, neste ponto, que não concordo com as opiniões daquele rei, que, pelo visto, só tem tamanho. E estou certo de que todos os leitores estarão de acordo comigo, vendo claramente como ele foi injusto com nossa sociedade. A melhor prova de minha honestidade é que, neste preciso momento, eu estou aqui, relatando fielmente as coisas mais desfavoráveis que ele disse a nosso respeito. No entanto, quanto mais coisas eu dizia para nos defender, mais ele me confundia: ou seja, mais ele encontrava motivos para rir ou para aprofundar o mal juízo sobre nós."

"Naturalmente, podemos relevar tais opiniões, pois trata-se de um rei que vive totalmente fora do mundo e não conhece os nossos costumes. A distância sempre produz preconceitos, e isso - os preconceitos - é uma coisa que nós, pessoas que conhecemos o mundo, não temos, absolutamente."

"No entanto, para que o rei não continuasse a fazer má ideia de mim e para cair nas boas graças dele, falei sobre a pólvora e o seu poder de destruição, tão oportuno nas guerras - apesar de ser tão usada também nos tempos de paz. Eu conhecia todos os ingredientes e o modo de fabricá-la e me ofereci humildemente para produzí-la para Sua Majestade, com o fim de ajudá-lo a defender o reino."

"Ele ficou horrorizado com a proposta. Depois de perguntar como tínhamos a coragem de usar uma substância tão terrível em armas de fogo e canhões contra os nossos próprios semelhantes, disse que estava muito admirado de que um 'inseto tão impotente e insignificante como eu' (foram essas suas palavras) podia ter ideias tão desumanas com tanta naturalidade. Por fim, concluiu que preferia perder metade de seu reino a possuir o segredo da pólvora e me proibiu de voltar a falar no assunto."

"No entanto, mais espantado ainda fiquei eu ao ver um governante que parecia tão sábio desprezar dessa forma uma ajuda preciosa para dominar completamente as outras pessoas - tudo por causa de um escrúpulo tão desnecessário e incocebível na nossa sociedade."

"Sei muito bem que agora os leitores devem estar com uma impressão bem ruim desse rei, mas minha intenção não é diminuir ninguém. Pelo contrário; faço questão de dizer que, se ele pensa isso, só pode ser por ignorância, pois não sabe como nossa civilização é avançada, uma vez que não a conhece. Para que vejam a que ponto chega essa ignorância, devo contar que ele também disse que uma pessoa que fosse capaz de cultivar duas espigas de trigo onde normalmente só nascia uma tinha mais valor do que toda a classe de políticos!"

"Só mais uma coisa: sabem que naquele país é proibido escrever comentários sobre as leis? Eles acham que só a lei, que é sempre bem formulada, é suficiente e deve ser cumprida sem mais delongas; não é possível um advogado defender uma causa em que não acredite, nem por dinheiro; e um juiz não pode julgar uma vez de um modo e, na vez seguinte, dar uma sentença contrária à do julgamento anterior." (SWIFT, pp. 40-3)


Essas são as palavras de Gulliver, em pleno século XVIII. MUito lúcido inclusive para a atualidade.


©Jonathan Swift, 1725.

sexta-feira, 5 de março de 2021

Recalcitrância e Despotismo; da Roma Católica ao Supremo Tribunal Federal

L'Ancien Régime nos dias atuais no Brasil...


Nota: De acordo com o Dicionário Collins English, "recalcitrante" é uma palavra que quer dizer "alguém ou algo que não está disposto a seguir ordens ou são difíceis de lidar com."

Como exemplo de recalcitrante (bom), podemos citar o herói Robin Hood, que roubava dos mais ricos para oferecer aos pobres, salvando o reino do Rei Richard, o coração de leão (1157-1189).

Como exemplos maus de recalcitrantes, podemos citar os reis absolutistas do Ancien Régime (Antigo Regime); as pessoas que se recusam a usar máscaras - cirúrgicas ou de pano - durante o período de surto mundial de CoronaVirus; os jovens que fumam substâncias ilícitas em áreas comuns de condomínios de luxo no litoral norte de certo estado brasileiro (cujo governador é um recalcitrante (bom), ao se rebelar contra as imposições obscurantistas do Presidente da República).


Recentemente (semana de 15.02.2021), houve uma denúncia por parte de um ministro do Supremo Tribunal Federal que acusava um MP (membro do Parlamento / deputado federal) de incitar o ódio e difamar a constituição brasileira, invocando a volta do Ato (In)Constitucional de número cinco, aquele de que os professores de História e Geografia apavoram a cabeça de estudantes ginasiais.

O membro do Parlamento citado aqui é o deputado federal Daniel Silveira (PSL), que tem histórico de violência. O (des)ministro do STF citado aqui é o Alex(andre) de Moraes - Xande, para os íntimos.

Em análise, percebo que a decisão do ministro Alê(x) foi bem-aventurada. O (des)deputado não deveria ter postura inadequada na Casa dos Representantes (House of Representatives). Essa atitude (do deputado) foi anti-democrática e está fora de qualquer discussão de um "Estado democrático de direito" (o que quer que isso signifique, estou vomitando palavras que escutei de "gente grande").

Mas a postura do STF também assustou-me. Pareceu-me que estávamos naqueles tempos daquela Rainha inglesa, Elizabeth Tudor (entusiasta de William Shakespeare), que cortava a cabeça de todos que iam contra o pensamento da época. Não é à toa, Elizabeth não deixou herdeiros (heirs) ao trono e foi sucedida pelo seu primo escocês, um tal de (James I) Stuart...

Rei James I da Inglaterra e VI da Escócia. É primo da Rainha Elizabeth I (Inglaterra) e filho da Rainha Mary I (Escócia). Ele foi responsável pela joint-venture (união) dos reinos escocês e inglês.


O ministro Alexandre, além de lidar com o vexame confronto com o parlamentar Danny, envolveu-se, ano passado (2020) em um contratempo (contretemps, quarrel, bicker) com uma ex-feminista conhecida pelo apelido de "Sarah Winter".

O duelo de Danny versus Alexandre lembrou-me também daquele episódio do juiz Teori Zavascki (in memoriam) duelando com o deputado Delcídio do Amaral (não sei o partido).


Relação com o Grande Cisma do Ocidente (1378-1417)

Eu lembrei também de um caso de recalcitrância que aconteceu entre os séculos XII e XIV (pouco antes do Cisma (Schism) que dividiu a Igreja católica entre papas e antipapas.

Pois bem, antes do Great Occidental Schism, surgiu na Europa um Sacro Imperador Romano chamado Frederico II, que viria a ser chamado de Stupor Mundi (espanto do mundo) e Sol Sine Nube (Sol sem nuvens).

Ele nasceu em 1194 na cidade de Jesi ("Itália") e viveu na Sicília, onde teve grande influência de muçulmanos. Só que Roma Católica era perto da Sícilia (ocupada pelos muçulmanos). O Sacro Imperador Romano Frederico II viveu o que podemos chamar de "o melhor dos dois mundos" (the best of both worlds). O problema foi que ele teve, em sua educação, uma visão muçulmana do Cristianismo e uma visão católica do Islamismo, e isso fez com que o Imperador pensasse que todas as religiões eram imprudentes e vazias. Essa foi a raiz do conflito que ele teve com o papado de Roma.



O Imperador Frederico II desafiou o Papa Inocêncio III, que educou o príncipe. Este Papa fez um pacto com Fred obrigando-o a ser obediente à todas as normas da Igreja Católica. O Sacro Imperador Romano nunca seguiu uma única ordem do Papa Inocêncio III, levando-o a uma certa loucura.

Dois Papas seguiram-se após a morte de Inocêncio III (1216); Honório III e Gregório IX. Este último, o Papa Greg, excomungou o Imperador Fred (excomungar significa tirar os direitos católicos) e publicou uma carta aberta difamando o Frederico II. O Sacro Imperador Romano escreveu uma carta-resposta convocando todos os príncipes da Europa a se revoltarem contra a Igreja Católica.

Esse evento levou à Sexta Cruzada - a Cruzada mais diplomática que o mundo já viu! Aconteceu em 1228 e teve a participação do Recalcitrante Imperador Frederico II e do Sultão do Egito. As duas personalidades se sentaram para "bater um papo" e acabaram concordando na retomada da cidade de Jerusalém pela Igreja Católica - da forma mais pacífica possível! (Lembrando que o Sacro Imperador havia sido excomungado, então ele mesmo teve que "se coroar" Rei de Jerusalém, porque nenhum membro do Clero queria chegar perto do Recalcitrante.)

Tal episódio é muito parecido com o conflito do ministro Alex com o deputado Danny. O ministro Alex sendo o Papa (STF seria a instituição católica) e o deputado Danny sendo o Sacro Imperador Romano. Em ambos os casos, é possível ver uma parte desafiando outra parte.


No século XIV, o rei Filipe da França nomeou um Papa, chamado Clemente V, que preferiu permanecer em território francês pertencente ao papado (Avignon). Foi só quando o Papa Gregório XI morreu, que a sede voltou para Roma. Mas a corte era maioria francesa e preferia ficar em Avignon.

O Papa "italiano" Urbano VI foi eleito e a corte papal francesa não gostou nada, e eles elegeram um antipapa (Clemente VII) para residir em Avignon. Essa disputa de Papas e antipapas se prolongou de 1378 - com a morte de Gregório XI - até 1417.


Bibliografia utilizada:

WELLS, H. G. Os príncipes recalcitrantes e o Grande Cisma. (In. Uma breve história do mundo. Trad. Rodrigo Breunig. Ed. L&PM Pocket. 1922/2011. Pp. 228 a 235).

segunda-feira, 1 de março de 2021

Aniversário do Justin Bieber (Happy Birthday, Justin!!!)

 


Hoje, 01.03.2021, é aniversário do cantor e compositor canadense Justin Bieber. Para comemorar seus 27 anos, ele convidou o Primeiro-Ministro do Canadá Boris Johnson Justin Trudeau e o aliado de Donald Trump no Partido Republicano Ted Cruz.

O local do evento foi no Parque Nacional de Banff, próximo da Columbia Britânica (British Columbia). Os "deuses canadenses", como eles se definiram, adentraram o lago, de roupa e tudo, para confraternizarem.

Justin Bieber apresentou um concerto privado para seus convidados de honra, que incluíam políticos, barões e jornalistas canadenses. O cardápio do dia contava com camarões, Champagne (Louis Nicaise, Charles de Cazanove e Veuve Clicquot), rosquinhas e maçãs do amor (toffee apples).

Feliz aniversário, Justin Bieber!



©2021. São Paulo, Brasil.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

4 de Março de 1861 - "Save this Date"

Algumas figuras políticas dos Estados Unidos

"(...); uma convenção realizada em Montgomery, no Alabama, elegeu Jefferson Davis como presidente dos 'Estados Confederados' da América, e aprovou uma constituição que defendia em específico 'a instituição da escravidão dos negros'."

(...)
"A luta culminante foi a campanha presidencial de 1860; no dia quatro de março de 1861, Lincoln foi empossado como presidente, e os Estados do sul já estavam desligados do governo federal de Washignton, e já cometiam atos de guerra."

(WELLS, H. G. "Uma breve história do mundo." L&PM Pocket. 1922. p. 327.)


©2021. São Paulo.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Fichamento: "Reinações de Narizinho" (Monteiro Lobato)

 


(LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. São Paulo: Círculo do Livro, 1921. 310 p.)

 

Resumo

Descreve o Sítio do Pica-Pau Amarelo. Caracteriza os personagens de acordo com suas qualidades. Utiliza o bom-humor para prender a atenção do leitor. Tendo em vista, a época (anos 1920), é possível observar ideias racistas e sexistas ao longo da obra. Dialoga com personagens de outras histórias, fazendo intertextualidade. Apresenta personagens como o Marquês de Rabicó, o Visconde de Sabugosa, a boneca Emília, o Doutor Caramujo e o Príncipe Escamado. Não conclui a história, deixando espaço para mais aventuras acontecerem. Tem um bom uso de palavras da língua portuguesa, assim como gramática, sintaxe e pontuação. O autor faz paralelo com sua infância no interior de São Paulo na obra.

Palavras-chave: Sítio. Aventuras. Literatura. Infância. Imaginação.

 

Fichamento

Nessa passagem, do capítulo intitulado “Sítio do Pica-Pau amarelo”, o narrador fala da busca de Narizinho por muletas para a boneca Emília, que teve a macela de sua perna entregue ao Tom Mix. Narizinho e Emília encontram um besouro que fora “abusado” por Narizinho no início do livro.

Narizinho foi. Três esquinas adiante encontraram o besouro mendigo, de chapéu na mão à espera de esmolas. A menina já lhe ia oferecendo um pedacinho de bolo quando o mendigo perguntou:

- Não me reconhece mais?

[...]

Pesarosa de sua desgraça, Narizinho pô-lo no bolso, dizendo:

- Fique quietinho aí e divirta-se com esses bolos. Vou levá-lo para o sítio de vovó, onde poderá viver uma vida sossegada sem ser preciso tirar esmolas. (LOBATO, p. 63)

 

Nessa parte, Narizinho e a boneca Emília são convidadas para conhecer o Reino das Abelhas, mas ficam em dúvida se o convite veio das Abelhas ou das Vespas. Assertivamente, elas chegam à colmeia e são recebidas com honra. Narizinho faz um comentário sobre o modo de vida das abelhas.

- Já reparou, Emília, como é bem-arrumado este reino? Uma verdadeira maravilha de ordem, economia e inteligência! Estive no quarto das crianças. Que gracinha! Cada qual no seu berço de cera, com pernas e braços cruzados, todas tão alvas, dormindo aquele sono gostoso... O que admiro é como as abelhas sabem aproveitar de modo que a colmeia funcione como se fosse um relógio. Ah, se no nosso reino também fosse assim... Aqui não há pobres nem ricos. Não se vê um aleijado, um cego, um tuberculoso. Todos trabalham, felizes e contentes. (LOBATO, p. 67-8)

 

Esse capítulo, intitulado “As aventuras do príncipe” (p. 117), conta quando o Príncipe Escamado e sua comitiva visitam o Sítio de Dona Benta, pouco depois do casamento de Lúcia (Narizinho) e Escamado. No excerto abaixo, podemos ver a magnanimidade /humildade /generosidade de Príncipe Escamado quando Dona Benta e Tia Nastácia estavam “com medo” dos convidados do Reino das Águas Claras.

- Nesse caso, prefiro voltar – disse [o príncipe] com dignidade. – Não me julgo com direito de perturbar o sossego duma tão respeitável senhora. (LOBATO, p. 121-2)

 

Nesse capítulo, intitulado “O gato Félix” (p. 145), um suposto gato se diz ser o Gato Félix e reúne o pessoal do Sítio para contar “sua história”. Estão presentes, Tia Nastácia, Dona Benta, Lúcia (Narizinho), Pedrinho, a boneca Emília, o Visconde de Sabugosa (um milho embolorado de cartolinha dentro de uma lata), e o suposto Gato Félix. Na passagem, intencional ou não, Lobato faz uma citação direta ao acidente do Titanic, que aconteceu nos anos 1910.

- Espere. Estava eu comendo o último rato que comi no navio, quando rompeu lá em cima um berreiro. Subi ao tombadilho para ver o que era e encontrei o capitão dizendo que o navio tinha batido numa pedra e ia afundar. (LOBATO, p. 149)

 

No capítulo intitulado “O circo de cavalinhos” (p. 221), Visconde de Sabugosa sofre uma “overdose de conhecimento” e precisa passar por uma cirurgia para remover “manias de ciência” que entalaram em seu estômago. O médico responsável seria o Doutor Caramujo. No excerto, o narrador descreve a “casa” do Visconde de Sabugosa, o que explica por que ele é tão inteligente.

A casa do Visconde era um vão de armário da sala de jantar. Dois grossos volumes do dicionário de Morais formavam as paredes. Servia de mesa um livro de capa de couro chamado “O Banquete”, escrito por um tal Platão que vivia antigamente na Grécia e devia ter sido um grande guloso. A cama era formada por um exemplar da “Enciclopédia do riso e da galhofa”, livro muito antigo e danado para dar sono. Mas desde que o Visconde ficou uma semana inteira atrás da estante e criou bolor pelo corpo inteiro, não era ali que ele dormia, para não sujar o chão com seu pozinho verde; dormia na lata. Outro “móveis” – armarinhos, cadeiras, estantes, também eram formados dos livros de capa de couro que Dona Benta havia herdado de seu tio, o Cônego Agapito Encerrabodes de Oliveira. Era naquela casinha que o Visconde passava a maior parte do tempo, lendo, lendo que não acabava mais – e tanto leu que empanturrou. (LOBATO, p. 223)

 

No capítulo intitulado “Pena de papagaio” (p. 247), um garoto invisível com uma pena de papagaio os leva para o “mundo das maravilhas” para conhecerem os fabulistas La Fontaine e Esopo. La Fontaine explica o modo de vida das formigas.

– Não param nunca, sempre ocupadas nos trabalhos caseiros – prosseguiu. – Cortam folhas, picam-nas em pedacinhos e guardam-nas em perfeitos celeiros para que fermentem. Nessas folhas um cogumelozinho se desenvolve, com o qual se alimentam. São insetos de alta inteligência. A muitos respeitos a formiga está mais adiantada que nós, homens. Há mais ordem e governo na sociedade delas. São mais felizes. (LOBATO, p. 262)

 

Logo, Lúcia (Narizinho), Pedrinho e a boneca Emília encontram o fabulista grego Esopo, que diz “palavras de sabedoria”. Esopo fica muito admirado quando descobre que a boneca Emília é falante.

O grego sorriu com malícia.

– Nós, sábios, também não fazemos outra coisa. – disse ele. – Mas como dizemos nossas tolices com arte, o mundo se ilude e as julga alta sabedoria. Vamos bonequinha, diga uma tolice para o velho Esopo ver. (LOBATO, p. 267)

 

Resenha crítica

A obra “Reinações de Narizinho”, de Monteiro Lobato, é um excelente livro para jovens leitores e leitores mais maduros. Não existe idade para leitura. Lobato é um grande escritor da literatura brasileira, sendo um dos principais autores do movimento Pré-Modernista, junto de Euclides da Cunha, Lima Barreto e Augusto dos Anjos.

O livro me lembrou de outros livros infanto-juvenis publicados nos séculos XVIII e XX, como o Barão de Munchausen (de Rudolf Erich Raspe, citado pelo próprio Lobato), Gulliver (Jonathan Swift), Gente e Bichos (Érico Veríssimo), e outros. Pode-se dizer que, como autor infanto-juvenil, Monteiro Lobato é um Ás.

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