Um dia estava em cima de uma árvore,
brincando de super-herói, quando meu irmão, Lelis, me empurrou. Eu caí. Minha
queda foi tão forte que poderia ter quebrado todos os ossos do meu corpo, mas,
por sorte, só quebrei o braço. Lelis, vendo a confusão que criou, resolveu
contar para papai e mamãe a tragédia, mas de sua maneira (que por sinal conheço
bem), fingir-se de anjinho e falar que caí sozinho da árvore.
Lelis estava correndo avisar o
acontecimento, quando viu papai e mamãe na porta que dá para o quintal, de
braços cruzados. Meu irmão perguntou a eles se viram a confusão e responderam
que estavam ali desde que eu subi na árvore.
“Vocês vão me colocar de
castigo?”, perguntou Lelis.
“Claro que vamos!”, disse Hope, minha mãe. Depois
que disse isso ela e meu pai, James, vieram até mim. “Então Phillip, está tudo
bem com você?”
"Sim, quer dizer, não!", solucei. "Acho que quebrei o braço."
A sala de espera do hospital era grande e tinha decorações natalinas. Lelis estava lendo um livro sobre espionagem e meu braço continuava doendo. Uma enfermeira aproximou-se de mim e perguntou:
"Você é Phillip Freeman?"
"Sim", repondi com um meneio de cabeça.
"Por favor, acompanhe-me." disse ela, dirigindo-se para o guichê mais próximo.
A enfermeira, cujo nome era Judith Ramalho, indicou-me a maca e eu sentei. Ela começou:
"O que você está sentindo, Phillip?"
"Meu braço. Acho que quebrou." murmurei, quase ganindo de dor.
A srta. Ramalho pegou meu braço e apertou alguns lugares, perguntando onde doía. Depois de alguns minutos, ela disse, afinal:
"Vou chamar o dr. Chagas."
Dr. Chagas era o tipo de médico que você gostaria de ter como animal de estimação (no bom sentido, claro). Ele era baixo, com um metro e cinquenta e seis centímetros de comprimento, cabelo castanho claro ondulado e olhos verdes com pigmentos azuis. Tinha cheiro de erva doce, mel e café.
"É um belo de um machucado, garoto." disse o dr. Chagas, ironicamente. "O que aconteceu?"
"Caí da árvore", respondi. "Meu irmão Lelis me empurrou."
"Esses irmãos de hoje em dia...", sussurrou Dr, Chagas, com um sorriso brincalhão. "Eu também tenho um irmão, mas ele é mais novo. Certa vez, lembro-me de que..."
Enquanto o médico contava sua história, ele fazia um curativo no meu braço.
Cheguei a escola no dia seguinte com o braço enfaixado. Meus colegas, tanto da minha série, quanto das outras séries, olhavam curiosos para o meu membro superior. Reginald, meu melhor amigo, perguntou:
"O que aconteceu, cara? Por que o seu braço está enfaixado?"
"Você não acreditaria se eu dissesse. Sabe meu irmão, Lelis, do oitavo ano?"
Reginald meneou a cabeça.
"Então, ele me empurrou da árvore!", continuei.
"E por que ele fez isso?"
"Por que ele é um idiota!"
Mas o melhor ainda estava por vir. Na hora do recreio, Juliet, a garota que eu estava a fim, veio ao meu encontro:
"Phillip! Você está tão bonitinho com essa faixa no braço. Posso assinar?"
"Com certeza." disse eu, entregando-a uma caneta hidrográfica. "O que você vai escrever?"
"É surpresa."
Assim que Juliet terminou de assinar a atadura, ela me beijou bem na altura da bochecha. Na hora, fiquei mais vermelho que um tomate! Até que Reginald bateu em minhas costas e eu acordei do transe.
Em casa, fui a casa de banho tratar de assuntos pessoais e, ao olhar-me no espelho, li a seguinte frase no braço enfaixado refletido:
"Phillip, namora comigo?"
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