Era uma vez um pavão. Ele era muito lindo,
tinha penas coloridas com detalhes azuis. Seu nome era Pedro, o pavão. Morava
com sua família em Pavolândia, a cidade dos pavões, que ficava perto da cidade
dos leões, que eram carnívoros. A mãe de Pedro, sempre avisava para ele e seus
irmãos para nunca sairem da cidade, principalmente na direção leste que era a
direção da cidade dos Leões. O problema é que Pedro, o pavão, tinha um amigo
leão, cujo nome era Léo. Pedro e Léo se divertiam muito desde que eram
crianças, quando se conheceram num balneário de férias.
Um dia Pedro saiu de sua toca em Pavolândia
dizendo a sua mãe que ia à biblioteca estudar com outros pavões, só que não:
ele ia para a cidade dos Leões ver Léo, o leão. Sorrateiramente, Pedro foi até
a toca de Léo sem fazer nenhum ruído com seu corpo enorme. Chegou na toca e
tocou a janela uma vez e se escondeu. Vendo que o quê havia feito era sem
sucesso, resolveu tentar mais uma vez, tocou a janela. Nada aconteceu. Tentou
diversas vezes, mas nada, até uma hora que ele se deu conta de que não havia
ninguém na cidade dos leões. Pedro pensou que talvez eles tivessem ido tomar
vacina então resolveu esperar. E foi até a biblioteca municipal dos pavões para
não levantar suspeitas de que havia ido para a cidade dos leões.
No dia seguinte, Pedro saiu de sua toca bem
cedo, antes que seus pais acordassem, para ir até a cidade vizinha ver se Léo
já havia voltado da "vacina". Só que não. Pedro não encontrou em
lugar nenhum seu amigo Léo. Voltou no outro dia, sem sucesso. Voltou no outro,
mas nada aparecia. Isso se repetiu até um dia, em que Pedro foi lá pela última
vez. Ao chegar na casa de Léo, a viu vazia como todos aqueles outros dias.
Então decidiu de uma vez por todas, sair da cidade dos pavões e ir atrás de
Léo, nem que isso custasse sua própria vida.
Colocou um bilhete em seu quarto, para que
sua mãe soubesse que havia fugido. E Pedro saiu. Triste, mas saiu. Andou pelas
úmidas florestas, que o possibilitou de comer algumas frutinhas. Caminhou por
gélidas montanhas, estava um frio danado. Caminhou também pelo árido deserto,
com uma baita sede, mas sempre com esperança de encontrar Léo. Mas, o que Pedro
não sabia era que Léo estava na temporada de caça com sua família.
Tudo mudou quando Pedro caminhava pela região
de cerrado. Estava cansado. Não, estava mais que cansado, estava exausto!
Queria uma cama e um copo de refresco e alguns insetos para combinar. Mas não
tinha nada disso. Apenas tinha grama, mato e alguns cervos e veados vindo em
sua direção. Mas eram muitos cervos e veados, tipo uma nuvem. Ou melhor muitas
nuvens de cervos e veados. Parecia a manifestação que teve no Brasil, em junho
de 2013, tamanha era a quantidade de animais. Pedro, o pavão, estava assustado.
Assustado demais. Tanto que seu coração ficou mais ansioso. Esqueceu o cansaço,
a fome e a sede, pois o susto havia ocupado esse espaço em suas emoções. Quando
a massa de animais passou, apareceram leões. Pedro ficou assustado. Mas
reconheceu um. Um que tinha uma mancha marrom em baixo da juba. Esse leão vinha
na direção de Pedro. O leão não parecia dar a mínima para o pavão, que estava
imóvel. Até a hora que Pedro sentiu mordidas pelo seu corpo. Sua vista começou
a ficar turva, até cair no chão, morto. Léo, o leão, percebendo o que fez,
ajoelhou perto do amigo e disse:
-Pedro. Pedro se foi. Agora o que há aqui
neste chão de cerrado há o corpo de Pedro, um dos pavões mais legais que já
conheci. Ele me ensinou a ser legal com a natureza. E eu sou. Ele me ensinou a
dar valor para o que a gente tem. E eu dou. Pedro me ensinou a respeitar as
aves. E eu não respeitei. Mas eu não respeitei, porque sou um carnívoro, e não
porque sou louco. Agora, só me resta despedir-me de Pedro e pedir-lhe desculpas
por não dizer-lhe que era temporada de caça e que...
Sem acabar de falar, um caçador apareceu e
deu um tiro na barriga do leão.
-HaHaHa...! -riu secamente o caçador- Este
leão vai ficar ótimo na minha sala!!
FIM
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