Era inverno. As aulas tinham acabado. Estava passeando por um parque cheio de outras pessoas. Enquanto estava chegando em casa, peguei todas as correspondências que o carteiro havia deixado na porta; contas de água e eletricidade, revistas e uma carta de Natalie. Achei muito interessante e fiquei curioso. Então eu abri o envelope:
"Flatcher, me desculpe por não te falar nada, mas ainda não estou em condições de falar. Estou em Santos. Não ligue para mim. Não responda a essa carta. Apenas venha para cá. Estarei te esperando na Casa da Frontaria Azulejada. Abraços, Natalie"
Fiquei assustado. Fiquei muito assustado. Não imaginava o quê havia acontecido com Natalie, ou mesmo por quê ela estaria em Santos. O fato é que a carta não estava devidamente endereçada, então não pude saber onde seria essa tal de "Casa da Frontaria
Azulejada", mas resolvi agir.
Aos tropeços, subi as escadas. Fui até meu quarto e apanhei uma mala pequena. Coloquei meia dúzia de roupa nela e fui até a estação ferroviária de minha cidade. O próximo trem saía às 13 horas. Como eram apenas meio-dia, almocei alguma coisa, na estação mesmo, e comprei um guia turístico de Santos, para me localizar melhor.
— Olá pra você também, amigão! —disse eu.— Para onde você está indo?
— Ah, estou indo para Santos, comemorar meu décimo segundo aniversário com a Lilla. Vou encontrar ela lá, sabe? —disse Marc— E você, pra onde está indo?
— Não sei se lembra da Natalie Amarante... Estudamos juntos no colégio. —disse.
— Claro que lembro! —disse Marc.— Ficamos na mesma classe, não é mesmo?
— Pois é. Recebi uma carta dela que dizia... —fiz uma pausa.— dizia que ela estava em Santos. E se alguma coisa acontecesse a ela, eu nunca iria me perdoar.
Mal deu tempo para Marc responder e uma voz computadorizada chamou:
— Última chamada para o trem das 13 horas com destino para Santos. Subam à bordo, por favor.
Assim que ela terminou de falar, eu e Marc subimos à bordo do trem. A viagem pareceu durar pouco tempo, pois eu e Marc ficamos conversando durante o percurso inteiro.
Pelo que li do meu guia turístico, vi que, em Santos, existem um monte de lugares legais para visitar, como o Centro Histórico e o Monte Serrat. Aproveitei para pesquisar mais sobre a Casa Azulejada.
Algum tempo depois, chegamos em Santos, uma cidade que localiza-se na ilha de São Vicente e, muitos anos atrás, houve casos de enchentes e surtos de epidemias na região [Flatcher também é cultura!]. Enfim, Marc e eu estávamos tão entretidos com a conversa que acabamos sendo os últimos a sair do trem.
Falei com meu amigo que o Engenho São Jorge dos Erasmos era um bom lugar para procurar, mas ele me falou que devíamos começar pela Casa Azulejada. A única coisa que pude fazer foi concordar,
Hesitei um pouco e falei:
— Então, o que estamos esperando? Vamos lá!
Pé ante pé, corremos para a Casa Azulejada. Eu na frente e Marc Fountain atrás. Passados alguns instantes, me virei e meu amigo não estava mais me acompanhando. Pensei que ele tivesse ido ao banheiro, então resolvi entrar sem ele.
Ao entrar, acendi as luzes e vi, em volta de um bolo, meus amigos, Lilla Takeda, Marc Fountain, Pedróvisk e, finalmente, Natalie Amarante! Até que eles gritaram:
— SURPRESA!!!
O que aconteceu é que eu estava tão preocupado com minha namorada Natalie que nem me lembrava do meu aniversário. Sempre dissera a Natalie que meu sonho era passar meu aniversário em Santos, e meu sonho fora realizado! Então, eu e Natalie Amarante começamos a nos beijar. Novamente, a cara de Marc Fountain foi até o chão, como naquela vez em que eu e Natalie começamos a namorar.
Casa da Frontaria Azulejada, Santos - SP |
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