segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Os bastidores da Gangue do Alemão



A Gangue do Alemão era uma organização criminosa, integrante da Sociedade Quadrada, que atuava na Corporação. Tive o infortúnio de conhecê-los quando eu estudava no sétimo andar. A Gangue era composta por quatro meliantes: Geisel, o cérebro do grupo; Rousseff, o mancomunado; e Teryaki e Imperador, os cupinchas.

Em 2011, a sexta ordem — atual sétimo andar — teve em torno de onze agentes que preferiram estudar no mesmo andar no ano seguinte por livre e espontânea pressão. Como eu reprovei a quinta ordem, eu reencontrei a maioria no ano seguinte, ou seja, no sétimo andar de 2012. Um dos repetentes era Rousseff, um agente que costumava implicar com minha voz por volta da quarta ordem. Outro repetente era Geisel que, junto de Imperador e Teryaki, formavam o pior grupo de encrenqueiros do andar — a recém-referida Gangue do Alemão. Para meu infortúnio, Rousseff e Geisel compartilhavam a mesma sala que eu. Felizmente, meu aliado G... estava do meu lado e — como um garoto robusto, no bom sentido — me defendia quando podia.

Um dos piores eventos envolvendo esses garotos maus aconteceu na viagem que fizemos à Antuérpia, no litoral sul de São Paulo. Depois de um dia longo e cansativo, os tutores nos liberaram pelo QG para descansar. Eu estava procurando um local agradável para ler um bom livro, quando Imperador chama meu nome. Sigo-o para seu dormitório que, coincidentemente, é o mesmo de Rousseff, Geisel e Teryaki. Um dos criminosos me dá uma régua e diz:

“Meça o Bráulio!”

“O quê?”, perguntei. Nesse momento, Geisel levantou-se e trancou a porta atrás de mim. Bráulio é código que a Corporação usa para designar o órgão genital masculino.

“Vá ao banheiro e meça o Bráulio!”, disse o mesmo criminoso, aumentando o tom de voz.

Fiz exatamente o que ele pediu e voltei para frente deles.

“Quanto deu?”, perguntou Teryaki, que era asiático.

“Três centímetros...”, disse, tímido.

Os meninos caíram na gargalhada e eu pedi para que liberassem a chave, para eu sair o mais rápido possível do aposento.

“Só com uma condição!”, gargalhou Geisel. “Você terá que fazer tudo o que nós quisermos, a partir desse momento.”

Involuntariamente, concordei e o cérebro da organização destrancou a porta.

Mais tarde, quando estava numa parte empolgante do livro que estava lendo, Imperador chama meu nome mais uma vez, dizendo para me dirigir à sala de jogos. Encaminhei-me para lá, onde Geisel pegou um taco de snooker, empurrou-me em um canto e começou a fazer gestos obscenos com o taco, inserindo-o e retirando-o repetidas vezes do David Ricardo. Ninguém nunca soube disso. David Ricardo é nome que a Corporação usa para designar a parte traseira do organismo humano, onde termina o cóccix.

Ainda nessa viagem, num dia que visitamos a Ilha do Fernando Henrique, resolvi usar o banheiro. No entanto, a cabine do banheiro de onde estávamos era completamente escura e não havia luz elétrica dentro. A porta fechava e o indivíduo apenas se localizava com uma luz fraca vinda de uma janelinha.

Enfim, entrei no banheiro, mas, devido às circunstâncias descritas acima, deixei a porta da cabine levemente encostada. Algo aconteceu que a porta abriu e eu senti uma leve pressão nas costas. Instintivamente, virei e, nisso, não havia colocado o Bráulio para dentro da calça. Foi horrível. Tinha meninos e meninas na fila do banheiro. O conde de R... e a senhorita de L... foram os primeiros a ver e, estagnados, foram direto reportar aos tutores que nos acompanhavam que, no caso, eram o tutor de Economia Global e a coordenadora pedagógica. A bronca foi imensurável. Isso fora o sermão que levei da orientadora L... quando voltamos à cidade de Juca Leão (SP), mas isso é assunto para outra história.

Já em Juca Leão (SP), mas vários dias depois, após regressarmos da aula de Ginástica, Geisel me agarrou e chamou seu amigo Imperador para o ver fazendo gestos obscenos em mim, como simular que estou chupando seu Bráulio. Vale lembrar que Geisel era um ano mais velho que eu, portanto, se eu tinha treze anos, ele tinha quatorze. Como conclusão, a sentinela do corredor de gabinetes, Zezé, viu a bagunça de Geisel e nos mandou para sala da orientadora L..., eu como vítima e ele como agressor. Como punição, Geisel levou uma advertência.

Não é preciso ser um gênio para adivinhar que a Gangue do Alemão era comandada por um figurão da Sociedade Quadrada. Bernoulli, o comerciante italiano, era seu nome. Eu já sabia disso, afinal a tal organização é a principal organização que se opunha à Sociedade Excêntrica. Minha aliada Natalie havia me fornecido todos os respectivos dados e perfis da Gangue. Agora só restava uma coisa: eliminar de uma vez por todas o comerciante.


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