segunda-feira, 2 de novembro de 2015

O Dia em que Fui de Saia à Escola

Sebastião Jeffrey*

Isso aconteceu há mais ou menos três anos. No dia 30 de novembro de 2012, havia acordado às cinco horas e quarenta minutos da manhã, como de costume. Naquela época, dividia o quarto com minha irmã mais nova. Eu estudava de manhã e ela, à tarde. Não queria acordá-la, então comecei a me vestir no escuro, apenas com a luz do Sol nascente.

Abri o armário e fui tateando as roupas para sentir a textura e não confundir com as roupas de minha irmã. Por engano, peguei a saia de balé dela, que tinha o tecido muito parecido com o da calça que eu costumava vestir para ir à escola. Enfim, vesti a saia. Mas antes, havia passado meu desodorante aerossol no corpo inteiro. Mas só fui descobrir depois que aquilo que passei no meu corpo era cola, em spray. [Até hoje não sei por que tinha cola em spray guardada no armário]

Quando saí do quarto para tomar o café-da-manhã, percebi a tamanha confusão que cometi. Voltei rapidamente ao quarto, tentei tirar, sem sucesso, a saia. Para amenizar um pouco a situação, amarrei um cadarço velho, que estava guardado no armário, em volta da cintura e fazer parecer que estava vestindo uma bermuda rosa.

Tomei o café-da-manhã, escovei os dentes, apanhei a mochila, me despedi de meus pais e caminhei até a escola. [Na cidade de Juca Leão, interior de São Paulo, é possível chegar nos lugares a pé, por ser uma cidade pequena.] Chegar na escola foi mais difícil do que o imaginava. Fui me escondendo em todos os arbustos e árvores que via pela frente, para não ser reconhecido por nenhum colega meu. Mas isso seria uma forma de atrasar o inevitável.

Se alguém dizer que a minha chegada na escola foi normal, esse alguém é um mentiroso. Era impossível não reparar na saia, ou "bermuda rosa", como eu queria que pensassem. Haviam os que reparavam e não falavam nada, e os que observavam e fazia troça.

Enfim, o cadarço acabou se desamarrando e eu tive que me explicar para o orientador da escola o por quê de eu ter ido à escola vestindo saia, e para meus pais o por quê da saia de balé da minha irmã ter sumido "misteriosamente".


Tanto o orientador da escola, quanto meus pais, entenderam o incidente como um acidente e relatei que nunca isso não iria mais se repetir.


*Sebastião Jeffrey é um fiel leitor do trespong e resolveu mandar isso para ser publicado. O autor do blog não se responsabiliza por eventuais danos causados por Sebastião.

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