Era uma vez uma viúva chamada Fátima e seu
filho chamado Joaquim. Eles moravam nos arredores de uma cidade e eram pobres e
só tinham uma galinha que fornecia ovos para subsistência deles. Um dia, a
galinha parou de dar ovos e Fátima falou:
— Podemos cozinhar a galinha... – interrompeu Joaquim, filho de Fátima, a viúva.
— CÓÓÓÓÓ...! – fez a galinha, que não queria virar jantar de ninguém.
— Calma galinha. – disse Fátima, a viúva – ninguém vai cozinhar você, pelo menos
não agora... – depois, virou-se para Joaquim – E você, rapazinho, vai levar
essa galinha para vender e quero que você volte aqui com mais de 50 reais na
mão, OK?
— OK! – disse Joaquim, carregando a galinha debaixo do braço e levando-a para
fora. Quando estava na metade do caminho, uma coisa peluda e assustadora pulou
em sua frente, mas não se assuste, era apenas o Lobo Mau, das histórias da
Chapeuzinho Vermelho e dos Três Porquinhos. Joaquim se adiantou:
— Fala Lobão! Tudo em cima? Por que você não está nos seus contos de fada?
— Você sabe como a vida nos contos de fada é monótona, né? Falando nisso, eu
ainda não almocei... Será que a sua galinha...
— Desculpe! Mas tenho que vender essa galinha por mais de cinquenta reais. Depois
a gente se fala, beleza?
— OK!
E
Joaquim seguiu caminho para a cidade. Chegando lá, ele se lembrou de quando seu
pai o levava lá para ir ao boliche e depois tomavam um lanche. Mas seu
pensamento foi levado embora depois do acidente...
Joaquim
estava tão pensativo que nem notou uma pessoa chamando pelo seu nome, em um
beco escuro:
— Ei Joaquim! Você, você mesmo, vem cá,
menino!
E Joaquim, devagar, foi se
aproximando, até chegar ao beco. O homem era baixo, tinha um bigode enorme,
usava um chapéu e era velho, mas muito velho, parecia que tinha uns cem anos de
tão acabado. Aí ele disse:
— Nossa, Joaquim, você é tão
idêntico ao seu pai...
— Espera, você conheceu meu pai?
Tipo assim, ele tinha a minha idade? E como sabe meu nome? Por acaso é algum
tipo de vidente? – Interrogou o menino.
— Calma, uma pergunta de cada vez! — disse o velho — Em primeiro lugar, meu nome é Bob. Em segundo lugar, o seu pai
me conheceu quando tinha mais ou menos a sua idade, ele queria vender uma vaca
que não dava mais leite... E em terceiro e derradeiro lugar, eu sei o seu nome,
porque o seu pai me contou que, quando tivesse um filho, chamaria de Joaquim,
que era seu melhor amigo de infância. – Olhando a galinha debaixo do braço de
Joaquim — Afinal, garoto, o que o traz aqui na cidade?
— Minha galinha parou de dar ovos...
Será que o senhor conhece algum comércio por aqui perto? Minha mãe falou para
vender a galinha por mais de cinquenta reais...
— Olha garoto, eu comprei a vaca de
seu pai por feijões mágicos, mas agora eles estão em falta. Em compensação,
posso comprar sua galinha por amendoins mágicos, eles vão levá-lo a um lugar
onde nenhum homem jamais pisou!
O menino deu a galinha ao homem e
este deu os amendoins ao garoto que, por sua vez, agradeceu e foi embora.
Chegando a casa, mostrou os
amendoins para sua mãe e esta não ficou nada contente:
— Joaquim! Que parte de “vender a
galinha por mais de cinquenta reais” você não entendeu?
— Mas mãe, são amendoins mágicos!
— Basta! — Fátima pegou os amendoins
e jogou-os pela janela.
Naquela noite choveu tão forte que
Joaquim e sua mãe mal conseguiram dormir.
Na manhã seguinte, Joaquim acordou
cedo e foi tirar o lixo de casa, como fazia todas as manhãs. Quando abriu a
porta, viu um pé de amendoim tão alto, mas tão alto, que sentiu vontade de
subir. Então, sua mãe, Fátima, a viúva, gritou:
— Joaquim, quantas vezes já falei
para você dar descarga ao sair do banheiro? Venha já aqui!
Joaquim, com medo da bronca da mãe,
sem pensar duas vezes, começou a escalar o pé até chegar ao céu. Ou pelo menos
achava que era o céu, pois o chão estava cheio de nuvens. Havia um caminho
cheio de tochas e Joaquim resolveu seguir por esse caminho.
Ao fim do caminho, Joaquim encontrou
um castelo, um castelo bem grande, um castelo maior que qualquer coisa que
exista na face da Terra, um castelo maior que a Lua!
Sem hesitar, Joaquim tocou a
campainha. A porta se abriu. Então, Joaquim se deparou com um unicórnio maior
que o Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo. Ele olhou em volta e disse:
— Hein? Não vejo ninguém à espreita.
Será que é trote?
— Ei, senhor Unicórnio! Aqui
embaixo!
— Alguém me chama... Hmmm... Deve
vir lá de baixo... Deixa ver...
O Unicórnio se abaixou e viu
Joaquim:
— Ó criatura pequenina! O quê faz
nos domínios de meu patrão? – disse o Unicórnio.
— Senhor Unicórnio, eu estou faminto
e exausto, por acaso sabe de algum abrigo por aqui?
— Pequenino, eu sou um unicórnio
fêmea, caso não saiba. Eu não conheço nenhum abrigo por aqui perto, mas posso
abrigá-lo aqui no castelo, só que meu patrão no pode vê-lo. Caso ele o veja é
morte na certa, pode crer. O prato favorito dele é criança frita na chapa. Faz
eras, literalmente eras, que meu patrão não se alimenta de criancinhas.
— Com toda licença, você é empregada
desse cara?
— Claro que não! Sou casada com ele.
Chamo-o assim, porque ele sempre quer ser superior a tudo e a todos.
Joaquim entrou no castelo. Era tudo
tão enorme e luxuoso que Joaquim ficou impressionado. Chegando à cozinha, a
unicórnio lhe serviu pãezinhos de queijo e um copo de água. De repente,
ouvem-se passos pesados se aproximando da cozinha:
— Querida! Ponha a mesa que já estou
descendo! —disse o marido da unicórnio.
— Já estou pondo! — gritou para ele
e, depois, murmurou para Joaquim — Rápido menino! Esconda-se!
Chegando à cozinha, o marido da
unicórnio sentou na cadeira, pronto para comer. Ele não era um unicórnio, como
sua mulher; era um ogro, um ogro bem gordo e chechelento, mas, apesar de tudo,
tinha bastante dinheiro. Era um sujeito alto, talvez até mais alto que sua
mulher. Mal tocou na comida e foi logo dizendo:
— Sinto cheiro de criança, quero comê-la
e encher a pança!
A mulher se antecipou:
— Sinto muito, querido! Mas acho que
dessa vez o senhor se enganou!
Meu olfato nunca engana!
— Então, acho que o senhor está
resfriado, porque eu acabei de varrer a cozinha e não achei criança nenhuma!
Sem vontade para procurar crianças,
o ogro devorou seu prato, a sobremesa e tomou três cervejas! Após sua refeição,
ele começou a contar o dinheiro dos “impostos”, pois era um político muito
“honesto”.
Começou a contar e adormeceu quando
chegou no mil. Joaquim, que estava escondido atrás do fogão elétrico, catou
todo dinheiro do ogro e foi para casa. Lá, Joaquim e Fátima viveram felizes até
o último centavo.
Quando o dinheiro acabou, Joaquim
voltou para o reino do ogro e, sem ser visto, entrou no castelo e se escondeu
atrás do fogão novamente.
— Sinto cheiro de criança, quero
comê-la e encher a pança! — gritou o ogro.
— Sinto muito, querido, mas toda
hora que vou varrer o castelo, nunca acho essa maldita criança de que tanto
você fala! — disse a mulher.
Novamente, sem nenhuma vontade de
procurar a criança, o ogro fez a sua refeição e mandou sua esposa buscar a Vaca
do leite de ouro.
— Estarei na área de serviço lavando
as roupas – disse a unicórnio depois de trazer a Vaca — se precisar de mim, é
só gritar.
Depois de tomar seu maravilhoso
leite de ouro, o ogro adormeceu. Joaquim não perdeu a deixa e roubou a Vaca,
como o ogro fazia com seus cidadãos.
O menino levou a Vaca até sua casa e
ele e sua mãe, Fátima, a viúva, ficaram felizes com ela, mas não era o
suficiente. Joaquim escalou novamente o pé de amendoim para chegar ao castelo.
Lá, o menino seguiu o mesmo plano de antes; entrou devagar no castelo e se
escondeu atrás do fogão elétrico, na cozinha, onde, por coincidência, estava o
ogro esperando seu jantar.
Depois de se alimentar, o ogro pediu
à sua esposa para trazer seu violão de ouro. Em seguida, pediu que o tocasse,
pois sua esposa era um dos melhores seres que tocava violão tão bem. Enfim, a
unicórnio começou a tocar o violão: logo no primeiro acorde, o ogro adormeceu.
A mulher continuou a tocar durante mais alguns segundos e depois, parou de vez.
Joaquim, vendo que a cozinha estava absolutamente
tranquila, resolveu atacar. Saiu de trás do fogão e pegou o violão das patas da
unicórnio, esta, que também estava meio sonolenta, assustou-se com o ataque e
deixou o instrumento cair no chão. Só quando Joaquim estava no meio do caminho
para o pé de amendoim, que a Unicórnio percebeu que estava sendo roubada:
— Socorro! Socorro! Estou sendo
roubada! – esperneava a mulher, enquanto corria em volta do marido, que por sua
vez havia acordado com os gritos da mulher:
— Calma querida! Para onde é que ele
foi?
— Para lá — apontou a mulher para a
porta. — Vá querido, vá! Não perca tempo!
O ogro saiu do castelo pronto para
pegar o violão e o "ladrãozinho". Mas quando eles chegaram ao pé de
amendoim, Joaquim e o ogro pularam, mas como Joaquim era mais leve e menor,
conseguiu chegar a casa antes que o ogro o pegasse. Este, como era maior e mais
pesado, caiu do pé e morreu.
Joaquim cortou o pé de amendoim e
ele e sua mãe viveram felizes para sempre numa casa que compraram no centro da
cidade em que moravam, com leite de ouro e uma bela música para se ouvir todos
os dias. Joaquim cresceu, publicou um livro com as suas aventuras do pé de
amendoim e se casou. Teve um lindo filho chamado Cirilo.
Lá em cima, com a morte do ogro, a
unicórnio tomou-lhe o cargo da presidência e virou a melhor política que aquele
reino já teve.
FIM